COMUNICADO DE IMPRENSA

6 de dezembro de 2018

Investigadores da Mayo Clinic identificam novas estratégias que podem melhorar a terapia com células T CAR

Newswise — SAN DIEGO, EUA — Investigadores da Mayo Clinic desenvolveram duas novas estratégias que podem melhorar o desempenho da terapia do receptor de antígeno quimérico (terapia com células T CAR) no tratamento do câncer. Eles apresentarão os resultados de suas pesquisas pré-clínicas na assembleia anual de 2018 da Sociedade Americana de Hematologia em San Diego, EUA.

Redução da toxicidade na terapia com células T CAR

“Embora a terapia com células T CAR tenha se mostrado bem-sucedida no tratamento de certos tipos de câncer, graves toxicidades limitaram sua aplicação generalizada”, afirmou Rosalie Sterner, médica e estudante de doutorado que trabalha no Laboratório de Engenharia de Células T (T Cell Engineering Laboratory) de Saad Kenderian, M.B. Ch.B., um hematologista da Mayo Clinic. Sterner diz que as toxicidades associadas à terapia com células T CAR incluem síndrome de liberação de citocinas, em que os pacientes podem apresentar febre, náuseas, dor de cabeça, irritação cutânea, taquicardia, pressão arterial baixa, além de dificuldade para respirar e neurotoxicidade.

A médica destaca que alguns pacientes submetidos à terapia com células T CAR ficaram doentes durante o tratamento e precisaram ser internados na UTI. Ela também aponta que foram relatadas mortes associadas aos efeitos colaterais da terapia com células T CAR. Sterner e seus colegas desenvolveram uma estratégia para reduzir as graves toxicidades associadas à terapia com células T CAR.

A estratégia envolve o bloqueio da proteína GM-CSF, que é produzida pelas células T CAR e outras células, usando um anticorpo de grau clínico (lenzilumabe).

“Quando bloqueamos a proteína GM-CSF, constatamos que poderíamos reduzir as toxicidades em modelos pré-clínicos”, comentou Sterner. “Também foi possível demonstrar que as células T CAR funcionaram melhor após o bloqueio da proteína GM-CSF.”

Em seguida, os investigadores utilizaram uma tecnologia de edição de genes, chamada CRISPR, para gerar células T CAR que não secretaram a proteína GM-CSF. Sterner diz que essas células T CAR modificadas foram mais eficazes que as células T CAR normais.

Com base nas constatações, a equipe de pesquisa está realizando um ensaio clínico de fase II do anticorpo bloqueador de GM-CSF durante a terapia com células T CAR. Se os resultados do estudo forem coerentes com as constatações anteriores, a terapia pode se tornar um padrão de tratamento durante a terapia com células T CAR na Mayo Clinic.

Esta pesquisa também está publicada no periódico Blood.

Melhoria das taxas de resposta de terapia com células T CAR em linfoma de células B

“Na terapia com células T CAR, os médicos removem e modificam as células T de um paciente para reconhecer e combater o câncer”, diz Reona Sakemura, médica, Ph.D., hematologista e pós-doutoranda no laboratório do Dr. Kenderian. “Assim que as células T modificadas são reintroduzidas no paciente, elas passam a procurar e, essencialmente, matar as células cancerosas.”

A Dra. Sakemura afirma que as taxas de resposta da terapia com células T CAR variam conforme a doença. Por exemplo, na leucemia linfoblástica aguda de células B, foram observadas taxas de resposta de mais de 90% em comparação com taxas de resposta de 10 a 30% no tratamento realizado com quimioterapia convencional. Em outros tipos de leucemia, como linfoma e leucemia linfocítica crônica, as taxas de resposta no tratamento com a terapia com células T CAR permanecem baixas.

Para melhorar a eficácia da terapia com células T CAR nesses tipos de câncer, a Dra. Sakemura e seus colegas desenvolveram uma estratégia para combinar a terapia com células T CAR com um medicamento que visa uma proteína chamada “AXL”. Esta proteína existe no câncer e ao redor dele. O medicamento, chamado “TP-0903”, não apenas mata as células cancerígenas, mas também aumenta a potência das células T CAR no ataque às células cancerígenas e potencialmente reduz a toxicidade associada ao tratamento com células T CAR.

Apesar de ainda ser necessária a realização de mais pesquisas e ensaios clínicos, a Dra. Sakemura diz: “Acreditamos que o efeito de aumentar a potência das células T CAR pode eventualmente ser utilizado como uma abordagem inovadora para aumentar a eficácia da terapia com células T CAR e ampliar seu uso para outros tipos de câncer de células B.”

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