ESTIMADA MAYO CLINIC: fui diagnosticada com endometriose e tenho sangramento menstrual intenso. O meu profissional de assistência médica orientou que eu deveria considerar a ablação endometrial. Uma amiga me disse que isso poderia ser problemático porque estou apenas no final dos meus 20 anos, e que isso poderia afetar a minha capacidade de gerar uma criança futuramente. Quais são os riscos? Há outros tratamentos disponíveis?

RESPOSTA: a ablação endometrial pode reduzir significativamente o sangramento menstrual intenso. Entretanto, você deveria considerar os riscos potenciais associados com esse procedimento, especialmente se houver a suspeita de haver endometriose com base nas dores pélvicas.

Algumas vezes, as mulheres recebem o diagnóstico de endometriose de acordo com os sintomas, incluindo dores pélvicas e períodos de menstruação intensos, mas, definitivamente, o diagnóstico somente é possível por meio de biopsia ou de excisão de lesões (normalmente realizada por laparoscopia). O procedimento é conhecido como cirurgia laparoscópica. Caso a endometriose seja confirmada com a cirurgia, então a recomendação de tratamento é a excisão da endometriose.

As alternativas à cirurgia para endometriose podem incluir a supressão hormonal com comprimidos, um dispositivo intrauterino, implantes subdérmicos ou injeções. Embora a endometriose não tenha cura, esses tratamentos podem reduzir os sintomas a um nível mais controlável em alguns casos. É importante observar que a remoção cirúrgica da endometriose não ajudará necessariamente no sangramento menstrual intenso.

Durante o seu período de menstruação, o corpo expele o revestimento do útero, chamado de “endométrio.” Quando os períodos de menstruação se tornam excepcionalmente intensos em intervalos regulares, a condição deve ser avaliada. Em geral, a produção de sangue suficiente para ser absorvida por um absorvente externo ou interno a cada duas horas ou menos é considerada um fluxo intenso. O sangramento menstrual intenso muitas vezes é tratado com a supressão hormonal inicialmente, assim como foi dito acima. Mas ele também pode ser tratado com a ablação endometrial, assim como foi orientado pelo seu profissional de assistência médica.

A ablação endometrial destrói o revestimento uterino. Ainda que as técnicas variem, o procedimento geralmente é realizado com instrumentos que fornecem calor ou frio extremo para o endométrio. Após a ablação endometrial, muitas mulheres ainda têm períodos de menstruação, entretanto eles são muito mais amenos.

A idade é um fator importante quanto à probabilidade de você ter problemas após a ablação endometrial. A idade exerce um papel nessa tendência porque as técnicas de ablação raramente destroem todo o endométrio e ele tem uma tendência a se regenerar antes da menopausa. Quanto mais jovem uma paciente for quando ela realizar a ablação endometrial, mais tempo o endométrio terá para voltar a crescer e haverá mais oportunidades para que surjam complicações ao longo dos anos.

Quando a idade é a única consideração, as pesquisas demonstram que a candidata ideal para a ablação geralmente tem mais de 40 anos. Dado o risco de câncer uterino após a menopausa, normalmente a ablação endometrial não é recomendada após a menopausa.

Uma consequência da ablação endometrial é que há formação de tecido cicatricial no útero após o procedimento, mudando a estrutura da cavidade uterina. Devido a esta mudança, caso ocorra sangramento anormal após a ablação endometrial, pode ser mais desafiador para o seu profissional de assistência médica avaliar a causa do sangramento e tratá-lo. O tecido cicatricial também pode obstruir o fluxo menstrual. Em alguns casos, isso pode causar dor.

Caso ocorra sangramento anormal ou dor persistente após a ablação endometrial, a remoção cirúrgica do útero (uma histerectomia) pode ser necessária. Diversos estudos analisaram os indicadores para determinar quais mulheres terão maior probabilidade de necessitar de uma histerectomia após a ablação endometrial. Embora muitos indicadores tenham sido relatados, o mais consistente é a idade. Pesquisas demonstram que a ablação endometrial fornece resultados previsíveis para os primeiros cinco a sete anos após o procedimento. As taxas de histerectomia tendem a aumentar posteriormente.

Em um estudo da Mayo Clinic realizado com mulheres que fizeram ablação endometrial, os fatores que aumentaram o risco de necessidade de uma histerectomia após a ablação incluíram mulheres com menos de 45 anos no momento da ablação, dores menstruais significativas antes da ablação e ligadura de trompas antes da ablação. Se uma mulher tivesse os três fatores de risco, havia uma chance de 50 a 60 por cento de histerectomia no período de cinco anos após a ablação. Por outro lado, em pacientes com mais de 45 anos sem dores menstruais significativas antes do procedimento e sem histórico de ligadura de trompas, apenas cerca de 5 por cento exigiram uma histerectomia no período de cinco anos após a ablação.

Tendo em vista a sua idade e os planos para uma possível gravidez, a ablação endometrial não seria recomendada. A gravidez após a ablação endometrial representa um alto risco, tanto para a mãe quanto para o bebê.

Para as mulheres mais jovens como você, há outros tratamentos eficazes e disponíveis, além da ablação, para aliviar o sangramento menstrual intenso, incluindo medicamentos hormonais, pílulas contraceptivas e dispositivos intrauterinos. Avalie todas as opções, juntamente com os riscos e os benefícios, com o profissional de assistência médica para decidir qual é a melhor opção para você. – Dr. Christopher Destephano, obstetrícia e ginecologia, Mayo Clinic, Jacksonville, Flórida

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