ROCHESTER, Minnesota. — A fibrilação atrial é uma arritmia comum que afeta cerca de 30 milhões de pessoas em todo o mundo. Uma nova pesquisa mostra que a ablação por cateter, um procedimento cardiovascular comum, parece ser tão eficaz quanto a terapia medicamentosa para prevenir acidentes vasculares cerebrais, óbitos e outras complicações em pacientes com fibrilação atrial. No entanto, os pacientes que recebem ablação por cateter apresentam um alívio muito maior dos sintomas e melhorias na qualidade de vida a longo prazo. Além disso, esses pacientes têm menos recorrências de fibrilação atrial e menos hospitalizações do que aqueles pacientes recebendo apenas medicamentos. Veja mais informações sobre essa nova pesquisa na edição da JAMA de 15 de março.

Esta pesquisa financiada pelo Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue (NHLBI, em inglês), alguns Institutos Nacionais de Saúde e colaboradores do setor é o resultado do estudo clínico de Ablação por Cateter versus Terapias Medicamentosas Antiarrítmicas para Fibrilação Atrial (CABANA), o maior estudo clínico internacional randomizado de comparação da ablação por cateter atrial esquerdo — envolvendo a inserção de tubos estreitos longos para alcançar e aplicar energia (quente ou fria) a fim de destruir o tecido cardíaco anômalo — e da terapia medicamentosa atual, de última geração, para a redução das consequências da fibrilação atrial. Um estudo observacional relacionado utilizando grandes volumes de dados de suporte às evidências do estudo clínico foi publicado no European Heart Journal. Leia o comunicado de imprensa.

A maioria dos indivíduos com fibrilação atrial tem fatores de risco identificáveis como hipertensão arterial ou doença cardíaca estrutural e costuma ser de idade avançada. Alguns pacientes com fibrilação atrial são sintomáticos, enquanto outros permanecem assintomáticos. A fibrilação atrial aumenta o risco de uma pessoa sofrer acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca e outras condições graves de saúde também. O tratamento da fibrilação atrial com medicamentos antiarrítmicos tem sido um desafio devido à eficácia limitada e efeitos adversos potenciais. Por tudo isso, a terapia de ablação por cateter se tornou uma técnica alternativa adotada com frequência no tratamento da fibrilação atrial. Estudos controlados randomizados de modestas dimensões compararam as duas terapias, no entanto, ainda existe muito a se descobrir sobre os benefícios da ablação em relação à terapia medicamentosa a longo prazo.

“Sabemos, há muito tempo, que médicos e pacientes estão insatisfeitos com o tratamento medicamentoso para a fibrilação atrial, de modo que desenvolvemos este estudo para descobrir se a ablação por cateter poderia proporcionar um tratamento mais eficaz para esses pacientes”, diz o dr. Douglas Packer, cardiologista da Mayo Clinic e principal investigador do estudo. "Embora tenham sido inconclusivos os dados do estudo na comprovação de que a ablação por cateter é melhor que a terapia medicamentosa para a redução das taxas de acidentes vasculares cerebrais e falecimentos, os estudos expuseram fortes evidências da redução da recorrência da fibrilação atrial bem como de reduções de mortalidade ou hospitalizações cardiovasculares”.

O estudo CABANA teve a participação de 2.204 pacientes em 126 centros de 10 países de 2009 a 2016. Todos os pacientes apresentavam ou a primeira ocorrência de fibrilação atrial, ou fibrilação atrial subtratada. A faixa etária média dos pacientes na população estudada foi de 68 anos e 37% eram mulheres. Ocorreram comorbidades significativas como hipertensão arterial e um histórico de acidente vascular cerebral e diabetes. Os pacientes foram randomizados em dois grupos de proporções iguais para ablação por cateter ou terapia medicamentosa.

A principal comparação entre a ablação por cateter e a terapia medicamentosa mostrou um risco 14% menor de complicações significativas como óbito, acidente vascular cerebral, sangramento grave e parada cardíaca, mas essa diferença não chega a ser estatisticamente significativa. A ablação reduziu significativamente a mortalidade ou a hospitalização cardiovascular em 17% quando comparada com a terapia medicamentosa e a recorrência de fibrilação atrial em 48%. Quando comparada à terapia medicamentosa, a ablação produziu melhorias clinicamente importantes na qualidade de vida e nos sintomas relacionados à fibrilação atrial. Essas melhorias foram mantidas ao longo de cinco anos.

Em estudos maiores de acompanhamento mais extenso, como a CABANA, os pacientes nem sempre seguem a terapia atribuída. De acordo com os pesquisadores, aproximadamente 9% dos pacientes de ablação não receberam o procedimento e quase 30% do grupo com terapia medicamentosa foi submetido a um procedimento de ablação. Aqueles “crossovers”, de pacientes que não receberam a terapia designada, podem ter afetado os resultados do estudo, declara o dr. Packer. "Você não pode se beneficiar de uma terapia se não a tiver recebido", o dr. Packer disse.

No entanto, quando os pesquisadores examinaram os dados por tratamento recebido, o grupo de ablação apresentou taxas significativamente mais baixas de óbito (40%) bem como a combinação de óbito, acidente vascular cerebral incapacitante, sangramento grave ou parada cardíaca (33%) em comparação com pacientes que receberam apenas a terapia medicamentosa, declarou.

Um ano após o início do tratamento, as medições da qualidade de vida de pacientes de ambos os grupos apresentaram melhoras consideráveis assim como nas medições relacionadas à fibrilação atrial, como fadiga e falta de ar. Em comparação com a terapia medicamentosa, a ablação gerou ainda melhoras adicionais na qualidade de vida e dos sintomas durante o período de cinco anos, diz o dr. Daniel Mark, do Instituto de Pesquisas Clínicas de Duke, que liderou a análise da qualidade de vida.

Por exemplo, no início do estudo, 86% dos pacientes no grupo de ablação e 84% dos pacientes em terapia medicamentosa relataram sintomas de fibrilação atrial no decorrer do mês anterior. Até o final do estudo, apenas 25% no grupo de ablação relatou sintomas, em comparação com 35% no grupo de terapia medicamentosa, diz o dr. Mark.

A Mayo Clinic e o dr. Packer têm participação financeira na tecnologia de mapeamento Analyze-AVW, a qual pode ter sido aplicada nesta pesquisa. De acordo com a Lei Bayh-Dole, essa tecnologia foi licenciada para a St. Jude Medical (Abbott) e Mayo Clinic, e o dr. Packer recebeu royalties anuais por volta de US$ 10 mil, que é o limite federal para participações financeiras significativas. Além disso, a Mayo Clinic detém uma posição acionária na empresa para a qual a tecnologia AVW foi licenciada.

###

Sobre a Mayo Clinic                                                                                                      A Mayo Clinic é uma organização sem fins lucrativos comprometida com a prática clínica, a formação e a pesquisa, que presta cuidados especializados e abrangentes a todos que buscam a cura. Saiba mais sobre a Mayo ClinicVisite a página de Rede de Notícias da Mayo Clinic.

Contato de imprensa: Sharon Theimer, Relações públicas da Mayo Clinic, 507-284-5005, e-mail: [email protected]